Monday, December 24, 2007

Melancolia Natalina

Todo ano nessa época ocorre o mesmo: luzes espalhadas pelas cidades iluminam toda a escuridão de um ano vazio e cheio de desilusões, crianças de classe média felizes por terem seus desejos atendidos por uma força que não compreendem, pessoas se atropelam nos shoppings em busca de uma lembrancinha.
À noite, na ceia, famílias se reúnem, a sogra inimiga da nora deseja felicitações aos desafetos em nome de uma data na qual todos já esqueceram o verdadeiro significado.
E tudo devido ao nascimento de um Cara.
As pessoas hoje se vêem tão presas ao consumismo compulsivo das festas de fim de ano que esquecem o que realmente o natal representa.
Empresários samaritanos dão ajuda ao morador de rua no fim de ano, aquele mesmo morador que ele enxotou da frente de sua empresa em maio ou agosto, todos são acometidos por um sentimento de solidariedade, tudo muito lindo, mas os pobres não passam fome somente no natal.
E quem disse que só é de comida que um homem sobrevive?
Temos que deixar de sermos hipócritas e não somente nessa época do ano, mas, durante o ano todo, por toda nossa vida, ajudar aqueles que necessitam de apoio.
E não é apenas matando a fome, mas disponibilizar a essas pessoas contato com a cultura, conhecimento, sabedoria e respeito.
O mundo continua o mesmo de dois mil anos atrás, o mesmo sol ilumina as planícies, o mesmo mar banha os litorais, as mesmas injustiças e desigualdades ocorrem. O que muda somente são as personagens que compõem essas histórias.
Muitas crianças sonham com um Playstation 3 de natal, enquanto outras querem apenas um prato de comida para poder repartir com a mãe e os irmãos.
A situação está ruim, pode piorar, mas pode melhorar. Basta apenas do seu esforço.
Essa melancolia sempre me vem à mente nessa época do ano, o próprio aniversariante desta data tão lembrada e tão esquecida ao mesmo tempo, se viesse nos visitar hoje, ele teria vergonha pelo que nos tornamos.
E o que nos tornamos?
Tornamo-nos seres vazios que não compreendem ao menos a mensagem deixada pelo Cara que nascera nesse fatídico dia 25.
E não me venha desejar feliz ano novo.
Pois todos os anos me desejam paz, saúde e o que vejo nos noticiários são as mesmas notícias sangrentas que ferem o peito e causam aversão.
Encerro esse pensamento de um modo irônico, desejando-lhes um feliz natal. Espero que vocês façam por merecer essa data e encontrem o verdadeiro valor deste dia.

“Mamãe por que comemoramos o natal?
Por causa do Papai-Noel, filha. É ele quem nos dá os presentes.”

Espero que a cena descrita acima não mais se repita, pois, o cara que nasceu nesse dia ficaria muito desapontado.



Magno Chagas, Dezembro de 2007